OS PASSARINHOS E AS MÃOS.

Existem certos pássaros,
Pequenos, livres, tenros,
Que gostam de pousar.
Em certas mãos amigas,
A sentir o calor,
A esquentar as peninhas.

São pássaros que procuram.
Ávidos de amor e ternura,
Um pouco pra descansar,
Um ninho pra repousar.

Voaram tanto...
Estão cansados
Da viagem que fizeram,
Da labuta que tiveram,
Querem parar e desfrutar
O amor de um aconchego,
A ternura de um afago.

Existem certas mãos,
Grandes, abertas, quentes,
Que gostariam de abrigar
Um passarinho.
Têm calor, carinho
E necessidade de dar,
O amor de simplesmente dar.

Se os dedos são compridos ou
cabeludos, as palmas são grandes
ou pequenas,
Não lhes cabe a culpa.

São assim;
Pois sempre assim foram.
Esperam apenas
Que nelas pousem
E se aninhem, sem medo,
Certos pássaros amigos.

Mas,
Se as mãos não se pode
Dar os passarinhos certos.
Dê-se, pelo menos, aos
passarinhos, as mãos certas.
Voa! Adeus...


(Ruy Achilles).


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